Vem do tupi guarani e quer dizer "rio do peixe malhado".
Quando estava cursando a Escola de Aprendizes no C.E. Razin fui convidado a participar de um trabalho de caravana, em uma comunidade. Constituia em um bazar de roupas recebidas em doação e que eram vendidas por um preço simbólico, visando a ajudar os moradores da comunidade e a arrecadar fundos para o Centro. Isso permitiu bancar a reforma de uma nova casa, inicialmente locada e depois adquirida em caráter definitivo.
Embora a causa fossse justa, confesso que não me senti atraido por aquela caravana.
No Razin, além da turma da Escola, eu também participava da Evangelização Infantil e da turma de Mocidade. Ambiente descontraido, levei esta postura para todos os trabalhos que participei, inclusive às vezes gerando algum desconforto em trabalhadores que preferiam ver nos Centros Espíritas um local sisudo.
Na Mocidade conheci vários amigos. Um deles, Serginho, arquiteto de formação, convidou-me a conhecer outra caravana, que se dedicava a visitar mensalmente o Hospital Francisco Ribeiro Arantes, mais conhecido como Pirapitingui, localizado na cidade de Itú - SP. Nos feriados prolongados as visitas eram feitas em outros locais, tais como Ouro Preto, São Sebastião do Paraiso e Betim, no estado de Minas Gerais, Goiânia e Brasilia, no estado de Goiás e Curitiba, no estado do Paraná.
O nome deste grupo espírita era Caravana da Fraternidade Jésus Gonçalves. Na época, início dos anos 1990, o dirigente do grupo era o seu Venâncio, líder carismático e foi uma referência para mim, que estava iniciando na Doutrina espírita.
Outro trabalho desenvolvido por este grupo era a distribuição de canjica entre os moradores de rua, no centro da cidade de São Paulo. A canjica era preparada pela Adalgisa em sua casa, em um sábado por mês. Lembro que nos reuníamos em sua casa e era uma festa, tanto na preparação da canjica quanto na distribuição nas ruas.
Lembro particularmente de uma noite, em frente à igreja de São Bento, em que minha função era entregar as vasilhas com canjica aos moradores de rua. Recordo que via mãos estendidas à minha frente mas não houve tempo para ver nenhum rosto.
Cerca de dez anos depois, fui almoçar com minha futura esposa em um restaurante situado a um quarteirão daquele local. Estavamos acomodados quando entrou uma moradora de rua e sentou na cadeira vaga na mesa que ocupávamos, pedindo um prato de comida. Imediatamente vieram os garçons e o maitre afim de retirá-la do recinto. Naquele momento veio a minha mente a cena das mãos a mim estendidas, pertencentes a rostos que não conheci. Tranquilizei o pessoal do restaurante e aquela moradora dividiu conosco a refeição, sentada à mesa.
Voltando para Pirapitingui, tínhamos a caravana que era realizada em um domingo do mês. Visitávamos os pavilhões dos internos e algumas casas, ao meio dia havia o lanche e à tarde um trabalho mediúnico no centro espírita fundado dentro do hospital por Jésus Gonçalves.
Nesse trabalho tinhamos mensagens psicofônicas e pintura mediúnica. Guardo comigo dois retratos de Jesus feitos pelo amigo Mizael Garbin. E também algumas mensagens que gravei. Particularmente uma delas está entre as mais bonitas que ouvi e que coloquei o nome de A mulher. Foi transmitida pelo seu Joãozinho, irmão da Adalgisa.
Foi em Pira que conheci o Anselmo. Com o estreitamento da amizade passei a visitá-lo aos sábados, dia mais tranquilo e sem a presenças das visitas no hospital. Foram dez anos de convivência, poesias declamadas no seu quarto e solicitação de café para o engenheiro André, que sempre sobrava para as enfermeiras fazer. Recebi dele uma pasta de poesias datilografadas na máquina de escrever e o pedido de publicá-las em um livro, que ele denominou Eu tenho uma família maravilhosa.
Bons tempos. Muitas recordações de um período em que precisei reorganizar minha vida e que me levou à doutrina dos espíritos. Tenho saudade dos amigos que conheci. Acredito que vários deles hoje se encontram na espiritualidade.
Vamos às mensagens !